“Eu não tenho paredes, só tenho horizontes”. Mario Quintana
Mas bem poderia ser “Quem tem limite é município, como eu não sou um, então não sou obrigada”.
“Eu não tenho paredes, só tenho horizontes”. Mario Quintana
Bom, o título desta newsletter é “Eu não tenho paredes, só tenho horizontes” de Mario Quintana. Mas bem poderia ser “Quem tem limite é município, como eu não sou um, então não sou obrigada”.
Agora no final de outubro completo 5 anos de Alemanha: 2 anos enfiada na VHS estudando alemão integral e chorando pelas ruas de Berlim, 1 ano e meio fazendo estágios obrigatórios/lidando com burocracia dos diplomas/tentando passar nas provas de proficiência e um ano e meio no Fachstudium + trabalho.
No Fachstudium que não é faculdade (sim, é complicado de explicar)o que mais pega é o etarismo, algumas vezes penso que “nossa senhora, quem tá criando esses monstros de 20/25 anos que só faltam nos darem caixões porque completamos 40 anos”. E a resposta é bem mais simples do que parece e por incrível que pareça várias pessoas da minha idade poderiam ser pais desses seres (eu poderia também)e talvez por isso eles tenham tanta ojeriza/medo/aversão de alguém como eu estudando e trabalhando com eles.
Uma amiga fez esse curso e me contou que teríamos um camping/vivência, quem me conhece sabe que eu não ligo pra comida ou onde dormir, mas sou uma sommelier de banheiro. Sim, eu monto mapas de banheiros limpos e gratuitos nas cidades que visito ou mesmo aqui em Berlim. Você que mora em cidade com shopping de banheiro limpinho e gratuito, agradeça!
Mas já não bastava sair da zona de conforto, ter que comprar os aparatos do camping, ainda fui pega de surpresa pela exclusão da carona.Fomos 4 excluídos, 3 mais de 40 e um colega que é bipolar e hiper ativo e estressa algumas pessoas da turma. Me senti um lixo por semanas, enchi o saco dos amigos com meu first world problem e a maioria deles só me disse: - vá ou eles venceram!
Bem, pra quem nao sabe eu sou extremamente competitiva e não me orgulho disso, resquícios da minha vida de esportista. Aí super motivada, gastando o dinheiro que economizei comprando óculos de grau em promoção e empolgada, mandei msg pros 3 colegas sobre os detalhes da ida. Os colegas disseram que estavam doentes e não iriam.
Peguei meus livros, mochila gigantesca, e fui na viagem que durou umas 4 horas fazendo baldeações de trens + ônibus. E sim, gente, levei um bom vinho pros 3 dias para beber sozinha.
Cês sabem que valeu a pena? Montar barraca, olhar o céu antes de dormir, prestar atenção nos pequenos detalhes, ficar sem internet a maior parte do tempo, ficar sem tomar banho porque o banho era frio (mas levei paninhos tal qual alemães para não ficar fedida), comer o que tinha…
Tive um encontro incrível com minha espiritualidade na mata num exercício de olhos vendados. Talvez um dia eu fale mais sobre isso, mas agora é Iansã brigada pela força.
Limpei latrina, fiz fogo, gritei porque o gato entrou por baixo da barraca e achei que era rato, atirei de arco e flecha, chorei porque consegui entrar na mata tarde da noite e me guiar pelas estrelas como o instrutor ensinou. Sem medo.
Obrigada por ter chegado até aqui e perdão pela newsletter querido diário.
Alguns links de coisas que tenho visto e lido nesses dias:
Bodkin: produção do Casal Obama, tem na Netflix.
Nobody wants you: vai mudar sua vida? Não, mas vai deixar seu coração mais quentinho. Tem na Netflix.
Lisbon’s Last Bookbinder : Meet Andreia, A Master of Tradition
https://luisapm.substack.com/p/andancas-98-emily-em-parishttps://substack.com/home/post/p-149769016?source=queue
Até breve,Juju
Eu quero mais histórias de vencer o etarismo sim, adorei essa
“Vá ou eles venceram.”
Venceu você.